Desculpa

Eu tinha mania de falar “desculpa” para tudo, tanto que uma psicóloga me falou uma coisa que eu guardo até hoje: “Para de pedir tantas desculpas assim. A vida não é você ouvir um “você fez isso” e falar “desculpa”. Você tem que deixar de lado, trocar essa palavra, porque o sentimento que vem depois não é o de que vai melhorar, é arrependimento. Existe uma mágoa por trás dessa palavra. Existe um milhão de lágrimas invisíveis que nem você poderia explicar. É claro que é ótimo pedir perdão quando se está errado, mas jamais por quem você é”. Essa psicóloga foi professora de um curso de administração, mas era um amor como pessoa e um fracasso como professora. O que me chamou atenção, foi que ela me falou isso umas duas semanas antes de acabar o curso. E no discurso da formatura, ela disse “[…] E me desculpem por todas as vezes que eu não fui uma boa professora”. Nessa parte ela chorou. E foi algo assim… sabe? Achei que as emoções de psicólogos fossem travadas, de ferro, sabe? Depois quando eu fui falar com ela, ela me disse que ela convive com emoções dos outros, dores dos outros, problema dos outros. E tudo depende dela. É um peso que até é bom de carregar, mas as vezes, os próprios pesos são mais difíceis de se manter. As coisas que mais machucam no final das contas, são os próprios erros, as próprias falhas e tudo mais. Então, eu estava pegando meu diploma para ir embora, ela me chamou e disse “Diego, desculpa, tá?” e me deu um abraço. Ela fez parecer que pedir desculpas era uma fraqueza. Mas quando ela fez isso, achei ela a pessoa mais forte do mundo.
—  Diego Castro.  

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Pode falar amor