O damo e a vabagunda, II.
— Eu não tinha reparado no quanto você é pesada.
— Eu não sou gorda!
— Sim, mas você está bêbada. E eu acho que não tenho obrigação de te carregar.
— Mas você dormiu comigo.
— E daí? Não foi um pedido de casamento.
 Dormir comigo te leva a ter algumas obrigações.
— Te aguentar bêbada está na lista?
— É o primeiro item. 
— E o que mais?
— Não sei, ainda estou pensando. 
— Tira o dedo daí! 
— Você tem cócegas?
— Tenho.
— E aqui perto da orelha?
— É tesão.
— Sua barba está mau feita.
— Você está com mau hálito. Acho que não está em condições de me apontar defeitos.
— E porque você olha diretamente nos meus olhos quando vai brigar comigo?
— É pra me certificar de que você entendeu o recado.
— E porque você olha pros seus tênis quando vai mentir?
— Deita aí. 
— Me responde.
— A cama está uma bagunça. Você nem parece uma menina.
— É porque eu não sou uma.
— Sim, você é. Uma menininha mimada e nojenta.
— Pega aquele travesseiro pra mim?
— Pego.
— Pega meu edredom?
— Pego.
— Me pega também?
— Boa tentativa. 
— Achei que daria certo.
— Não tiro proveito de pessoas bêbadas.
— Mentira. É que você gosta que seja especial.
— Então pra você é especial?
— Tanto faz.
— Então dorme.
— Pra você é?
— Tanto faz.
— Você mente mal.
— Você também.
— Mas eu não fico olhando pros meus próprios tênis.
— Não, você olha pros meus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode falar amor